"O Essencial é Invisível aos Olhos"
"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
(Antoine de Saint-Exupéry)
"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
(Antoine de Saint-Exupéry)
Hoje estou num daqueles dias em que tudo parece diferente. Pra melhor, claro. Não posso reclamar, acho que de uns meses pra cá, tudo melhorou consideravelmente. Ou talvez, eu tenha melhorado consideravelmente. Não importa.
A questão é que quero postar algo aqui, mas estou sem assunto. E nessa falta de assunto, travei uma batalha interna tão grande que daria um livro. Vai entender...
Acho que minha atual felicidade provém da liberdade que estou sentindo. Há mais ou menos um mês, me descobri humana. Uns podem achar engraçado isso, afinal, é visível aos olhos, mas eu não sentia. Eu existia e não tinha consciência nenhuma do que eu era, portanto eu era qualquer coisa, mas não sabia exatamente o quê ou quem. Sabia que tinha de ser perfeita, apenas isso. E nessa frenética busca, me machuquei bastante.
A questão é que por ironia do destino (e uma mulher que me apavorou), me descobri humana. Comecei a sentir e viver isso de maneira mais intensa. Comecei a soltar as amarras que me prendiam a pessoas, situações e atitudes rígidas ao longo da minha existência.
E nesse processo de auto-descobrimento, percebi que muitas vezes ficamos parados e nos recusamos a mudar nossa situação, seja ela qual for. E sofremos. Muito. Por tempo indeterminado. Amaldiçoamos a vida, as pessoas e a nós mesmos, sem enxergar uma saída plausível para tanta tristeza. E tudo acontece. A vida segue o seu curso. Enquanto ficamos parados, achando que ela fará o mesmo. Mas não faz. Reclamamos de nossos empregos que suportamos, do amor que não conquistamos, dos amigos que não temos. Até descobrirmos que estamos mortos em vida.
Nos últimos tempos, eu estava morta em vida. Eu existia e não sentia nada. Eu trabalhava e não via o futuro, chorava um amor perdido que já estava em outros braços. Não tenho certeza de quanto tempo isso durou. Um ano? Alguns meses? Uma vida toda? Acho que eu era um ser humano normal, desiludido como qualquer outro.O que importa é que uma mulher horrorosa me acordou. Ela era tão estupidamente gentil, com seus olhos de eterna inocência, seu ar de menina pura e sua roupa de bonequinha de porcelana, que me senti enojada. Talvez, não por ela, mas por mim mesma. Talvez ela fosse “eu amanhã”, com aquela aura de boa moça, distante de tudo, acima de todos. Ela era tudo o que eu não queria ser e naquele momento me descobri outra pessoa. Humana. Vi que não precisava ser tão perfeitinha. Que nada precisava ser assim. Que eu poderia ser simplesmente eu (e acreditar nisso). Que tudo é transitório e isso pode nos encorajar a viver. Que perpetuar situações, pessoas e lembranças nem sempre é bom. E que por incrível que pareça a vida é sábia, independentemente das nossas crenças. Tudo se encaixa, basta estarmos abertos a isso.
Comecei a perceber que poderia (e principalmente, queria) simplesmente viver, escorregar, me machucar, levantar e tentar novamente. Sem ter tanto medo do mundo, sem me fechar tanto. E que posso ser muito feliz, assumindo meus defeitos e minhas qualidades. Esse é o equilíbrio que eu tanto buscava e não tinha.
Finalmente descobri, que tenho sim que me adequar a algumas coisas, mas que posso mudar o mundo ao meu gosto, uma vez que cada um de nós tem uma visão muito particular do mesmo. Que pra isso eu precisava apenas acreditar em mim e fazer as coisas acontecerem, crescerem, ao invés de ficar esperando que algo caísse do céu. Para completar, consegui perceber que um gesto pode valer mais que mil palavras e definir toda uma situação. Que as decepções nos fazem crescer e algumas simplesmente nos salvam, embora a gente muitas vezes nem perceba isso. Uma simples ausência do amor perdido foi suficiente para terminar com o meu sofrimento de meses. A simples falta de resposta, respondeu todas as minhas questões e mudou todo um conceito.
Agora, me sinto livre para viver e acreditar nos meus sonhos, independente do que os outros digam. Afinal, “os sonhos são paras as crianças” diriam alguns. Os adultos vivem a realidade e com suas verdades incontestáveis, se perdem em pesadelos.
Passei a perceber e curtir mais tudo ao meu redor. Seja o sorriso de uma criança, uma conversa informal ou um gramado verdinho. Passei a sentir tudo isso e me descobri profundamente normal. O fato de sermos normais, por si só, nos faz muito diferentes.
Sempre sonhei, mas hoje acredito nos sonhos. E me conscientizei de que serei sempre uma adulta, eternamente criança.