Tuesday, February 12, 2008

"Adeus, doce terra e céu do norte, eternamente abençoados, pois aqui esteve e aqui, com passos ágeis correu, à luz da Lua, à luz do Sol, Pri Oliveira, mais bela do que pode dizer a língua dos mortais. Mesmo que o mundo caia em ruínas, que se dissolva e seja lançado de volta, desfeito ao caos primordial, ainda assim foi boa a sua criação... O anoitecer, o amanhecer, a terra, o mar.... Para que Pri, por um tempo, existisse."
Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido,
Despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas –
As sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscaras pelas ruas, cheias de gente, gritando: “ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado num telhado de uma casa, gritou:
“É um louco!”
Olhei para cima para vê-lo. O Sol beijou pela primeira vez a minha face nua.
Pela primeira vez, o sol tocava a minha face nua e, minha alma inflamou-se de amor pelo sol e, não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!”
Assim me tornei louco. Encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende, escraviza alguma coisa em nós.

...Porque eu ligo menos para o que você pensa que você imagina...

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